por
Guilherme Gomes Caiado*
A palavra recomeçar nos indica um começo
de algo que vai iniciar ou um começo de um fim? Certamente as respostas serão
variadas, porque cada um tem seu tempo subjetivo, tem sua história, tem seus
dados axiológicos. Mas o que é evidente que tanto o começo como o recomeço
implica em uma caminhada. Não importa o caminho que vamos percorrer para poder
chegar onde queremos, nem onde queremos o que importa é o processo pelo qual
fez nós caminhar. Os momentos que vivemos até o presente momento. O início foi
o fator preponderante para poder caminhar, o meio nos impulsiona para o fim,
mas durante este processo paramos muitas vezes e nos deparamos com situações em
que fosse preciso recomeçar e retomar de onde paramos.
A
cada momento recomeçamos e começamos concomitantemente. Porque a vida é um
prédio em construção, muitas vezes precisamos trocar algumas paredes de lugar
para dar leveza, ou precisamos construir colunas para dar sustentabilidade.
Estas construções nem sempre são agradáveis, requer muita luta e esforço,
alguns conseguem com facilidade, outros requer mais cuidado e atenção.
O
medo pode bloquear todo e qualquer recomeço. Rubens Alves sabiamente diz que;
“Os homens são pássaros que amam o voo, mas têm medo dos abismos. Por isso
abandonam o voo e se trancam em gaiolas, sonham com voo, mas teremos a altura.
Para voar é preciso ter coragem para enfrentar o terro do vazio. Porque é só no
vazio que o voo acontece. O vazio é o espaço da liberdade, a ausência de
certezas. Mas é isso o que tememos: o não ter certezas. Por isso trocamos o voo
por gaiolas. As gaiolas são o lugar onde as certezas moram.” Muitas vezes
passamos tempos querendo desenvolver papeis existenciais demais e esquecemos
que existe uma única pessoa atrás do ser. O EU grita por um espaço e uma
oportunidade de recomeçar a construir o que antes foi impossível.
As
cortinas do tempo vêm fechando o presente ano e os aplausos de boas vindas do
novo ano já podem ser ouvidos, assim convidados a fazermos uma reflexão da
nossa vida e de tudo o que fizemos neste ano. Reflexão esta que ira nortear e
traçar os começos e recomeços de nossas vidas. A filosofa Nichele Paulo nos diz
que: “é difícil começar, mas o começo é começo ou pode ser um meio, porque às
vezes o começo já está em andamento ou já foi... Começar pelo fim? O fim também
pode ser um começo... Pode não ter um começo e nem um fim. Um meio pode conter
os aspectos determinantes ou importantes do que foi percorrido, de um fim
concluído. Independentemente de alguma demarcação temporal, a vida segue
construindo a história, tecendo as singularidades do que foi e está sendo
vivido. Isto já é um começo? Então já começamos, agora parece que fica mais
fácil. As palavras avulsas vão se entrelaçar dando textura, cor sonoridade, até
mesmo sabor. Possíveis e impossíveis ao texto que vai se desdobrando em
inúmeros caminhos. Cora Coralina nos diz: ‘o que vale na vida não é o ponto de
partida e sim a caminhada’.”
*Guilherme Gomes Caiado é filósofo e estudante de filosofia
clínica.
Para crítica, elogio e sugestão: guiguicaiado@gmail.com