quarta-feira, 25 de outubro de 2023
quinta-feira, 15 de junho de 2023
segunda-feira, 15 de junho de 2020
Aula 3º ano da 4º semana
INDIVÍDUO E
COMUNIDADE: LEI E JUSTIÇA
“É comum que numa conversa sobre política se
chegue, rapidamente, à conclusão de que ela nada tem a ver com a ética, em
outras palavras, que o poder político e suas realizações não se conduzem por
princípios e valores voltados aos interesses coletivos, mas sim, por interesses
utilitários de ordem individual ou corporativa, do tipo: ‘Mas ... o que eu
ganho votando em fulano?’, ou ‘Votem em mim e eu lhes darei privilégios ...’.
Essa é a percepção que o senso
comum da sociedade tem da política, e seria profundamente ingênuo afirmar que a
política não passa por esses descaminhos. No entanto, não é menos ingênuo e
preocupante o fato de aceitarmos tão rapidamente essa perspectiva
exclusivamente negativa da política como algo óbvio, natural e inelutável.
Em geral, as conversas sobre
política enveredam por caminhos que podem parecer interessantes, mas que no
fundo são pouco produtivos e frustrantes. Isso se dá porque, estimulados pelos
acontecimentos e pelas notícias da imprensa, fazemos questionamentos e afirmações
sobre a honestidade ou desonestidade dos políticos; sobre seus salários;
negociações supostamente ilícitas; sobre os partidos; tendências; alianças
questionáveis; sobre quem será candidato; sobre um projeto que está tramitando
e suas possíveis consequências. Quase sempre estamos reproduzindo, diga-se de
passagem, com poucos ou insuficientes dados e questionamentos, informações
veiculadas pelos jornais, pelas rádios ou telejornais, e mesmo aquelas que
circulam pela internet.”
“O ideal político se caracteriza
pela existência de uma comunidade e pela construção e manutenção de uma unidade
desta comunidade, sem que para isso ela precise submeter-se a um poder externo
(do tipo: ‘eles’ são o poder; eles fazem as leis que nós devemos obedecer). Não
se trata, contudo, de uma defesa da anarquia. É importante registrar que não é
possível a vida em comum sem que haja regras e sanções muito claras. Logo, uma
comunidade política ideal deve estabelecer suas finalidades, suas regras, suas
prioridades, enfim, deve autogovernar-se (nós somos o poder; nós fazemos as
leis que normatizam a vida na comunidade e isso constitui a nossa liberdade).
No entanto, a história testemunha o quão difícil é a consecução desse ideal do
político.
Se houvesse uma comunidade que,
em lugar de manter-se por meio de um poder distinto dela mesma (uma instância
organizada para esse fim, um chefe todo-poderoso, um grupo dirigente, uma
classe dominante, um Estado), se conservasse em sua unidade apenas por sua
própria potência, uma sociedade na qual o poder político só pudesse ser
localizado na comunidade política em seu conjunto, poderíamos dizer dessa
sociedade que ela realizou a ideia do político. (WOLFF, F. A invenção da
política. In: NOVAES, A. (org.) A crise do Estado-nação. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2003., p.31)
Wolff (2003) defende a tese de
que apenas duas sociedades conseguiram realizar o ideal político, que é a
unidade da comunidade política, sem coerção externa. Quais foram essas
sociedades? Essas sociedades foram, os atenienses da Antiguidade e os índios do
Brasil, de antes da descoberta.
Certamente você já ouviu falar da
genialidade dos gregos e da sua famosa invenção: a democracia na Atenas da
Antiguidade. Mas alguma vez já ouviu falar que os índios brasileiros,
particularmente os tupis-guaranis, também foram, de maneira diferente, bem
sucedidos na aventura de construir uma comunidade política que garantisse uma
vida boa aos seus integrantes?
Sabemos pouco sobre as
comunidades políticas dos índios brasileiros, e isso se deve, em grande parte,
às concepções eurocêntricas e etnocêntricas às quais nossa formação e nossa
cultura foram e ainda são submetidas. O antropólogo francês Pierre Clastres é
um dos poucos pesquisadores que se dedicaram a essa questão.”
Atividade
1. Qual o sentido dos termos
eurocentrismo e etnocentrismo?
2. Faça uma pesquisa e escreva
breve considerações sobre o filósofo Rousseau. (O texto não menciona Rousseau,
então coragem e dê aquela pesquisadinha básica...).
Aula 2º ano: 4º semana
LÓGICA
“A teoria do conhecimento se caracteriza por
uma preocupação com a busca de princípios gerais que permitam formular crenças
verdadeiras sobre a realidade. Essa ideia está presente na obra de Platão e é,
em larga medida, o que caracteriza também o pensamento de Aristóteles. É com
Aristóteles que a filosofia ganha uma consciência mais definida acerca do
método a ser adotado quando o assunto é o conhecimento.”
“Antes de Aristóteles não houve nenhum
filósofo que se preocupasse com a formalização de regras que pudessem garantir
a validade de raciocínios e argumentos. Este é propriamente o objeto da lógica.
Como destaca Zingano (ZINGANO, M. Platão e Aristóteles: os caminhos do
conhecimento. São Paulo: Odysseus, 2002), para Aristóteles era mais desafiante
encontrar uma forma de organizar a massa de dados do conhecimento do que
propriamente reuni-los. Nesse sentido, Aristóteles percebeu que se fazia
necessária uma classificação dos conhecimentos: ele dividiu as ciências em
teóricas (matemática, física e metafísica), práticas (ética e política) e
produtivas (agricultura, metalurgia, culinária, pintura, engenharia, etc.). Mas
o filósofo também concluiu que é fundamental estudar o procedimento correto que
deve orientar uma investigação em qualquer destas áreas. Foi então que nasceu a
lógica, conjunto de regras formais que servem para ensinar a maneira adequada
de se produzir argumentos, raciocínios, proposições, frases e juízos.
Aristóteles em vida não pôde
organizar sua obra. Essa tarefa ficou a cargo de seus alunos. Os escritos que
tratavam do raciocínio foram reunidos num único volume que recebeu o título de
Organon, literalmente ‘instrumento’. O Organon é um conjunto de diferentes
tratados (exposição sistemática de um tema): Categorias, Tópicos, Dos
Argumentos Sofísticos, Primeiros Analíticos, Segundos Analíticos e Da Interpretação.
Segundo o historiador da
filosofia Giovanni Reale, Aristóteles sabia que estava sendo pioneiro quando
começou a estudar uma forma de argumentação chamada silogismo. Por meio das
análises que o filósofo fazia de textos de sofistas, de Sócrates e do pensamento
de Platão, a lógica aristotélica: (...) assinala o momento no qual o
logos filosófico, depois de ter amadurecido completamente através da
estruturação de todos os problemas, como vimos, torna-se capaz de pôr-se a si
mesmo e ao próprio modo de proceder como problema e assim, depois de ter
aprendido a raciocinar, chega a estabelecer o que é a própria razão, ou seja,
como se raciocina, quando e sobre o que é possível raciocinar. (REALE, G;
ANTISERI, D. História da Filosofia. Vol. I. São Paulo: Paulus, 1991)
Aristóteles chegou num ponto em que não se tratava mais de desenvolver
conteúdos filosóficos, mas de examinar a forma como a razão procede. Durante
séculos a humanidade dependeu dos escritos de Aristóteles para estudar áreas
tão distintas como a física e a metafísica. Ao ensinar os princípios básicos do
pensamento, Aristóteles forneceu à humanidade regras de argumentação que
permanecem válidas ainda hoje, sobretudo em domínios como a ética e a
política.
Então, o que caracteriza a
lógica? Uma vez que a lógica não é apenas argumento válido, mas também reflexão
sobre os princípios da validade, esta só aparecerá naturalmente quando já
existe à disposição um corpo considerável de inferências ou argumentos. A
investigação lógica, a de pura narrativa, não é suscitada por qualquer tipo de
linguagem. A linguagem literária, por exemplo, não fornece suficiente material
de argumentos e inferências. As investigações em que se pretende ou procura uma
demonstração é que naturalmente dão origem à reflexão lógica, uma vez que
demonstrar uma proposição é inferi-la validamente de premissas verdadeiras.”
Atividade
1) Faça
uma pesquisa na internet e encontre definições dos seguintes termos: juízo,
premissa, argumento, proposição, conclusão, sofisma e silogismo.
segunda-feira, 8 de junho de 2020
Aula 3º ano- 3º Semana
TEMA: Política e a violência no
âmbito humano FIQUE POR DENTRO DOS CONCEITOS
“A violência existe desde os
tempos primordiais e assumiu novas formas à medida que o homem construiu as
sociedades. Inicialmente foi entendida como agressividade instintiva, gerada
pelo esforço do homem para sobreviver na natureza. A organização das primeiras
comunidades e, principalmente, a organização de um modo de pensar coerente, que
deu origem às culturas, gerou também a tentativa de um processo de controle da
agressividade natural do homem.
É no período em que se instauram
os Estados modernos que se coloca, de modo mais radical, a pergunta sobre o que
é o poder político, sua origem, natureza e significado, pergunta que traz
consigo a reflexão sobre a violência, já que ela poderá ser utilizada como
estratégia para a conquista e manutenção do poder, como afirma Maquiavel, em O
Príncipe.
Entre os séculos XVI e XVIII,
alguns intelectuais, a partir de perspectivas diferentes, entre eles, Hobbes e
Locke, afirmavam, basicamente, que tanto o Estado quanto a sociedade se
organizaram a partir de pactos ou contratos firmados entre os indivíduos para
regulamentar o convívio social, superar as tensões e conflitos e instaurar a
ordem política.
Durante o tempo em que os homens
vivem sem um poder comum capaz de os manter a todos em respeito, eles se
encontram naquela condição a que se chama guerra; e uma guerra que é de todos
os homens contra todos os homens. Pois a guerra não consiste apenas na batalha
ou no ato de lutar, mas naquele lapso de tempo durante o qual a vontade de
travar batalha é suficientemente conhecida. (...) porque assim como o mau tempo
não consiste em dois ou três chuviscos, mas numa tendência para chover que dura
vários dias seguidos, assim também a natureza da guerra não consiste na luta
real mas na conhecida disposição para tal durante todo o tempo em que não há
garantia do contrário. (HOBBES, T. O Leviatã. São Paulo: Abril Cultural, 1973,
p. 79-80.)
Para Hobbes os homens, em estado
de natureza, são iguais quanto às faculdades do corpo (força) e do espírito
(inteligência) e quanto às esperanças de atingir seus fins, podendo desejar
todas as coisas. Os fins são, basicamente, a própria conservação e a
sobrevivência, mas também podem ser apenas o deleite. Dominado por suas
paixões, desconhecendo as intenções e desejos dos outros em relação a si
próprio, o homem vive solitário, em guarda, pronto a defender-se ou a atacar;
quando desejam a mesma coisa, ao mesmo tempo, os homens se tornam inimigos e
lutam entre si em defesa de seus interesses pessoais. Nessas circunstâncias, a
melhor garantia contra a insegurança é antecipar-se às possíveis atitudes do
outro, subjugando-o pela força e pela astúcia e ampliando, assim, o domínio
sobre os outros, até conseguir a supremacia. Pode-se entender bem isto no
ditado popular que diz “a melhor defesa é o ataque”. O que se tem, então, é um
ambiente de tensão permanente: enquanto não se criam mecanismos capazes de
conter a força e equilibrar os desejos, os homens se encontram predispostos à
luta, na condição de guerra de todos os homens contra todos os homens. Um
conflito que não consiste unicamente na batalha, no enfrentamento ostensivo,
mas numa atitude, tendência ou disposição constante para a luta. Enquanto não
houver garantias para a convivência o homem é o lobo do homem.
Atividade
1. Quais são os motivos que levam
a sociedade a elaborar o contrato que dá origem ao Estado segundo Hobbes?
(SEED-Pr, 2006, p. 199).
2. Pesquise, compare e registre a
posição de Rousseau nessa questão de contratualismo com relação a Hobbes.
3. No Brasil, a lei é aplicada a
todos de forma igual? Justifique a sua resposta. (SEED-Pr, 2006, p. 196).
Aula 2º Ano: 3º Semana
TEMA: O QUE NOS FAZ SER HUMANO
“Embora o termo [Fenomenologia] já tenha sido
utilizado por Hegel, em sua obra Fenomenologia do Espírito, onde o termo
designa aparição ou manifestação do Espírito, é com o filósofo alemão Edmundo
Husserl que o termo assumiu o peso de um método próprio de se pensar, de se
fazer filosofia, ou ainda de se fazer ciência. Para Husserl, não se pode ter
certeza de qualquer teoria se ela não for construída em solo seguro, em algum
dado indubitável, numa evidência que não se possa questionar. Essa evidência,
segundo ele, é a da consciência, ou seja, algo que possamos conhecer, pensar,
dizer, sentir, enfim, qualquer ideia ou representação que se faça do mundo, se
dá, antes de tudo, na consciência. O homem se define não apenas por ser
racional, mas fundamentalmente, por ter consciência de si e do mundo.
Consciência, aqui, não significa
um ‘saber o que estou fazendo’, em termos psicológicos como contrário de
inconsciente. Também não se pode pensar consciência como um fato puramente
mental, em oposição ao corpo, ao físico. Consciência deve ser compreendida como
modo próprio do homem ser e perceber o mundo, enquanto totalidade física,
mental, espiritual, emocional, racional e qualquer outra dimensão que se queira
associar aqui. Consciência não é apenas um meio pelo qual algum objeto (o
homem) conhece uma coisa (o mundo), como instâncias separadas. Portanto, não há
uma realidade pura, isolada do homem, mas a realidade enquanto ela é percebida,
que se dá à consciência humana. A partir disso é que se pode raciocinar,
calcular, poetizar, agir, etc...
A consciência é sempre
consciência de alguma coisa, reza o princípio fundamental da Fenomenologia. Ela
estuda a consciência em si mesma, no ato do conhecimento. Ela é, num sentido
mais geral, a descrição de um conjunto de fenômenos que se dão no tempo e no
espaço e que se dispõe à consciência humana. Os empiristas diziam que a essência
das coisas é inacessível ao pensamento, e que este se constrói a partir de
experiências. O risco do empirismo é de cair na falta de certezas absolutas,
válidas universalmente, ou seja, num ceticismo, além de retirar da mente, da
razão, um papel preponderante no ato do conhecimento. Os idealistas, ao
contrário, admitiam que o pensamento pode chegar a contemplar a essência, pois
a mente humana possui condições a priori (as categorias de Kant, por exemplo),
isto é, anterior a qualquer experiência, que a possibilita pensar conceitos
universais. O seu risco é deixar o conhecimento à mercê da mente humana, numa
atividade puramente psicológica (psicologismo). A fenomenologia, por seu turno,
quer superar esse dualismo. Segundo Husserl, tanto a experiência, quanto a
universalização da metafísica, só fazem sentido e se organizam enquanto
representações na consciência humana. Portanto, é a partir dela que devemos
compreender como se dá o conhecimento.
Se na concepção clássica, seja no
empirismo ou no idealismo, o sujeito está separado do objeto no ato do
conhecimento, para a Fenomenologia, eles estão numa relação indissociável. A
consciência está entrelaçada com o mundo. Perceber é perceber o mundo, no
mundo. Não é apenas um ato imaginativo, psicológico; nem uma pura recepção de
sensações advindas da experiência, ou ainda um ato reflexivo-racional. Perceber
é um movimento, uma atividade, é uma contemplação, com forte caráter emotivo.
Isso quer dizer que a percepção do mundo sempre se dá com um caráter motivado:
percebo aquilo que mais me chama a atenção, aquilo que quero. O mundo é
captado, segundo Husserl, sempre em perspectiva, ou seja, sempre em relação
a... e nunca absolutamente. A percepção não consegue, por esse motivo,
apreender a realidade em sua totalidade.” (SEED-Pr, 2006, p. 324-325).
ATIVIDADES
Leia o trecho a seguir e responda
às questões 1, 2 e 3.
“O bom senso é a coisa do mundo
melhor partilhada, pois cada qual pensa estar tão bem provido dele, que mesmo
os que são mais difíceis de contentar em qualquer outra coisa não costumam
desejar tê-lo mais do que o têm. E não é verossímil que todos se enganem a tal
respeito; mas isso antes testemunha que o poder de bem julgar e distinguir o
verdadeiro do falso, que é propriamente o que se denomina bom senso ou a razão,
é naturalmente igual em todos os homens; e, destarte, que a diversidade de
nossas opiniões não provém do fato de serem mais uns racionais do que outros,
mas somente de conduzirmos nosso pensamentos por vias diversas e não considerarmos
as mesmas coisas. Pois não é suficiente ter o espírito bom, o principal é
aplicá-lo bem.” (DESCARTES, R. Discurso do Método. São Paulo: Abril Cultural,
1979, p. 29).
1. O que todos os seres humanos
possuem em comum?
2. De acordo com Descartes, por
que as pessoas possuem opiniões diversas?
3. A partir do pensamento
cartesiano, o que distingue as pessoas entre si?
4. Segundo o Texto o que é
Fenomenologia?
5. Segundo o Texto como o homem
se define?
6. O que é consciência?
segunda-feira, 1 de junho de 2020
Aula 2º ano- 2º Semana
QUEM É O SER HUMANO?
1º Paragrafo “Para Sartre o homem é liberdade. Não há certezas e nem modelos que possam servir de referência, cabe ao homem inventar o próprio homem e jamais esquecer-se que é de sua responsabilidade o resultado de sua invenção. Pelo fato de ser livre é o homem quem faz suas escolhas e que ao fazê-las, torna-se responsável por elas. É por isso que:
2º Paragrafo O existencialista declara frequentemente que o homem é angústia. Tal afirmação significa o seguinte: o homem que se engaja e que se dá conta de que ele não é apenas aquele que escolheu ser, mas também um legislador que escolhe simultaneamente a si mesmo e a humanidade inteira, não consegue escapar ao sentimento de sua total e profunda responsabilidade.
3º Paragrafo O conceito angústia está relacionado ao binômio: liberdade – responsabilidade. Faço as escolhas e ao fazê-las sou eu, exclusivamente eu, o único responsável por elas. É a angústia o sentimento de cada homem diante do peso de sua responsabilidade, por não ser apenas por si mesmo, mas por todas as consequências das escolhas feitas. Com a angústia há um outro sentimento que é fruto também da liberdade: o desamparo.
4º Paragrafo O existencialista, pelo contrário, pensa que é extremamente incômodo que Deus não exista, pois, junto com ele, desaparece toda e qualquer possibilidade de encontrar valores num céu inteligível; não pode mais existir nenhum bem a priori, já que não existe uma consciência infinita e perfeita para pensá-lo; não está escrito em nenhum lugar que o bem existe, que devemos ser honestos, que não devemos mentir, já que nos colocamos precisamente num plano em que só existem homens. Dostoiévski escreveu: ‘Se Deus não existisse, tudo seria permitido.’
5º Paragrafo O desamparo se dá pelo fato de o homem saber-se só. É por isso que Sartre diz que ‘(...) o homem está condenado a ser livre’. Pois não há nenhuma certeza, não há nenhuma segurança e tudo o que fizer é de sua irrestrita responsabilidade. De fato o homem, sem apoio e sem ajuda, está condenado a ‘(...) inventar o homem a cada instante’. Diante da constatação de que ‘(...) somos nós mesmos que escolhemos nosso ser’.
6º Paragrafo Surge o outro sentimento: o desespero. O que marca o desespero é o fato de que: Só podemos contar com o que depende da nossa vontade ou com o conjunto de probabilidades que tornam a nossa ação possível.
7º Paragrafo Permaneço no reino das possibilidades; porém, trata-se de contar com os possíveis apenas na medida exata em que nossa ação comporta o conjunto desses possíveis. A partir do momento em que as possibilidades que estou considerando não estão diretamente envolvidas em minha ação, é preferível desinteressar-me delas, pois nenhum Deus, nenhum desígnio poderá adequar o mundo e seus possíveis a minha vontade.
8º Paragrafo Pelo fato de a realidade ir além, extrapolar os domínios de minha vontade e de minhas ações, o reino das possibilidades passa a evidenciar que minha ação deverá ocorrer sem qualquer esperança. O desespero é, portanto, o sentimento de que não há certezas e verdades prontas, é o sentimento de insegurança que impregna a vontade e o agir, pelo fato de ambos serem confrontados com o reino das possibilidades e apontarem para o limite a liberdade de cada indivíduo.”
1. A exemplo da angústia e desamparo, próprios de existencialismo, que outros sentimentos podem ser identificados na realidade dos jovens do século XXI?
2. Que ideias de liberdade são encontradas nas propagandas de bebidas, carros e motos veiculadas na mídia?
3. Diante de tantas ideias de liberdade, somos livres? Explique.
1º Paragrafo “Para Sartre o homem é liberdade. Não há certezas e nem modelos que possam servir de referência, cabe ao homem inventar o próprio homem e jamais esquecer-se que é de sua responsabilidade o resultado de sua invenção. Pelo fato de ser livre é o homem quem faz suas escolhas e que ao fazê-las, torna-se responsável por elas. É por isso que:
2º Paragrafo O existencialista declara frequentemente que o homem é angústia. Tal afirmação significa o seguinte: o homem que se engaja e que se dá conta de que ele não é apenas aquele que escolheu ser, mas também um legislador que escolhe simultaneamente a si mesmo e a humanidade inteira, não consegue escapar ao sentimento de sua total e profunda responsabilidade.
3º Paragrafo O conceito angústia está relacionado ao binômio: liberdade – responsabilidade. Faço as escolhas e ao fazê-las sou eu, exclusivamente eu, o único responsável por elas. É a angústia o sentimento de cada homem diante do peso de sua responsabilidade, por não ser apenas por si mesmo, mas por todas as consequências das escolhas feitas. Com a angústia há um outro sentimento que é fruto também da liberdade: o desamparo.
4º Paragrafo O existencialista, pelo contrário, pensa que é extremamente incômodo que Deus não exista, pois, junto com ele, desaparece toda e qualquer possibilidade de encontrar valores num céu inteligível; não pode mais existir nenhum bem a priori, já que não existe uma consciência infinita e perfeita para pensá-lo; não está escrito em nenhum lugar que o bem existe, que devemos ser honestos, que não devemos mentir, já que nos colocamos precisamente num plano em que só existem homens. Dostoiévski escreveu: ‘Se Deus não existisse, tudo seria permitido.’
5º Paragrafo O desamparo se dá pelo fato de o homem saber-se só. É por isso que Sartre diz que ‘(...) o homem está condenado a ser livre’. Pois não há nenhuma certeza, não há nenhuma segurança e tudo o que fizer é de sua irrestrita responsabilidade. De fato o homem, sem apoio e sem ajuda, está condenado a ‘(...) inventar o homem a cada instante’. Diante da constatação de que ‘(...) somos nós mesmos que escolhemos nosso ser’.
6º Paragrafo Surge o outro sentimento: o desespero. O que marca o desespero é o fato de que: Só podemos contar com o que depende da nossa vontade ou com o conjunto de probabilidades que tornam a nossa ação possível.
7º Paragrafo Permaneço no reino das possibilidades; porém, trata-se de contar com os possíveis apenas na medida exata em que nossa ação comporta o conjunto desses possíveis. A partir do momento em que as possibilidades que estou considerando não estão diretamente envolvidas em minha ação, é preferível desinteressar-me delas, pois nenhum Deus, nenhum desígnio poderá adequar o mundo e seus possíveis a minha vontade.
8º Paragrafo Pelo fato de a realidade ir além, extrapolar os domínios de minha vontade e de minhas ações, o reino das possibilidades passa a evidenciar que minha ação deverá ocorrer sem qualquer esperança. O desespero é, portanto, o sentimento de que não há certezas e verdades prontas, é o sentimento de insegurança que impregna a vontade e o agir, pelo fato de ambos serem confrontados com o reino das possibilidades e apontarem para o limite a liberdade de cada indivíduo.”
1. A exemplo da angústia e desamparo, próprios de existencialismo, que outros sentimentos podem ser identificados na realidade dos jovens do século XXI?
2. Que ideias de liberdade são encontradas nas propagandas de bebidas, carros e motos veiculadas na mídia?
3. Diante de tantas ideias de liberdade, somos livres? Explique.
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