O movimento estudantil na História do Brasil
A juventude sempre cumpriu – e cumpre – um
papel importante na História dos povos. No Brasil, também é assim. Selecionamos
alguns momentos importantes em que os estudantes organizados se posicionaram,
defendendo os direitos de nossa sociedade, transformando a realidade em que
viviam e contribuindo ativamente na construção de um país melhor. E fizeram
História.
1710 - Quando mais de mil soldados franceses
invadiram o Rio de Janeiro, uma multidão de jovens estudantes de conventos e
colégios religiosos enfrentou os invasores, vencendo-os e expulsando-os.
1786 - Doze estudantes brasileiros residentes no exterior
fundaram um clube secreto para lutar pela Independência do Brasil. Alguns
estudantes desempenharam papel fundamental para o acontecimento da Inconfidência
Mineira.
1827 - Foi fundada a primeira faculdade brasileira,
a Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Este foi o primeiro passo para o
desenvolvimento do movimento estudantil, que logo integrou as campanhas pela
Abolição da Escravatura e pela Proclamação da República.
1897 - Estudantes da Faculdade de Direito da Bahia
divulgaram, através de um documento escrito, as atrocidades ocorridas em
Canudos (BA).
1901 - Fundação da Federação de Estudantes
Brasileiros, que iniciou o processo de organização dos estudantes em entidades
representativas.
1914 - Estudantes tiveram participação significativa
na Campanha Civilista de Rui Barbosa, ocorrida em meados do século 20, e na
Campanha Nacionalista de Olavo Bilac, promovida durante a 1ª Guerra Mundial.
1932 - A morte de quatro estudantes (MMDC – Martins,
Miragaia, Dráusio e Camargo) inspirou a revolta que eclodiu na insurreição de
São Paulo contra o Governo Central (Revolução Constitucionalista).
1937 - Criação da União Nacional dos Estudantes
(UNE), a entidade brasileira representativa dos estudantes universitários.
1952 - Primeiro Congresso Interamericano de Estudantes, no
qual se organizou a campanha pela criação da Petrobrás – “O Petróleo é Nosso”.
1963/64 - Os estudantes foram responsáveis por um dos mais
importantes momentos de agitação cultural da história do país. Era a época do
Centro Popular de Cultura (CPC) da UNE, que produziu filmes, peças de teatro,
músicas, livros e teve uma influência, que perdura até os dias de hoje, sobre
toda uma geração.
1964 - Em 1º de abril, o Golpe Militar derrubou o
presidente João Goulart. A partir daí foi instituída a ditadura militar no
Brasil, que durou até o ano de 1985. Neste período as eleições eram indiretas,
sem participação direta da população no processo de escolha de presidente e
outros representantes políticos.
Os
estudantes formavam uma resistência contra o regime militar, expressando-se por
meio de jornais clandestinos, músicas e manifestações, apesar da intensa
repressão.
1968 - Em março, morre o estudante Edson Luís, assassinado
por policiais no restaurante Calabouço, no Rio de Janeiro. No congresso da UNE,
em Ibiúna, os estudantes reuniram-se para discutir alternativas à ditadura
militar. Houve invasão da polícia, muitos estudantes foram presos, mortos ou
desapareceram, evidenciando a repressão e a restrição à liberdade de expressão
que eram características desse período. Em junho deste ano ocorre a passeata
dos Cem Mil, que reuniu artistas,
estudantes, jornalistas e a população em geral, em manifesto contra os abusos
dos militares.
Em
dezembro, durante o governo do general Arthur da Costa e Silva, foi assinado e
decretado o Ato Institucional número 5 (AI-5) que cassou a liberdade individual,
acabando com a garantia de Habeas Corpus da população.
O
que é HABEAS CORPUS? É o instrumento de defesa contra
atos arbitrários que ferem o direito de ir e vir de cada indivíduo.
1979 - As entidades estudantis começam a ser reativadas.
Acontece a primeira eleição por voto direto na história da UNE, quando é eleito
o presidente baiano Rui César Costa e Silva.
1984 - “1,2,3,4,5 mil. Queremos eleger o presidente
do Brasil!!!” Diretas Já! – movimento da população, com participação
fundamental dos estudantes e dos políticos progressistas, para a volta das
eleições diretas para presidente no Brasil. O congresso votou a favor das
eleições indiretas e Tancredo Neves foi nomeado presidente para o próximo
mandato (a partir de 1985). Ficou decidido que as próximas eleições, em 1989,
seriam diretas. Depois de 34 anos de eleições indiretas Fernando Collor de Melo
é eleito presidente.
1992 - Acontecem sucessivas manifestações nas ruas contra
a corrupção no governo, dando início ao movimento de estudantes chamado Caras
Pintadas, que resultou no Impeachment do então Presidente da República,
Fernando Collor de Melo.
O
que é IMPEACHMENT? É a cassação do mandato do presidente
– ou outro cargo executivo – por razões de conduta que não estejam de acordo
com a lei.
Instituto Sou da Paz
Fonte: Caderno Grêmio em Forma, do Instituto Sou da
Paz.
REVISTA
MUNDO JOVEM....
MOVIMENTO ESTUDANTIL
A UMES SOMOS NÓS! NOSSA FORÇA E NOSSA VOZ!
Os
estudantes sempre estiveram presentes nos momentos decisivos da nossa história.
Na campanha “O Petróleo é Nosso”, os estudantes foram às ruas fortalecendo o
movimento puxado pelo então presidente Getúlio Vargas, que culminou na criação
da nossa Petrobras.
Os
estudantes não se calaram, e com força e coragem, enfrentaram interesses
estrangeiros, que diziam que não tinha petróleo no Brasil, para justamente
assaltarem a nossa riqueza.
Os
estudantes, junto aos demais setores da sociedade brasileira, foram às ruas
quando, sob a ditadura militar, as entidades estudantis eram perseguidas e
impedidas de se organizarem, de debaterem os problemas do país, o que não
intimidou o movimento estudantil de prosseguir lutando até a vitória com a
redemocratização do país.
No
governo Collor, quando se iniciou o período de abertura do nosso país aos
produtos importados, que levou à quebradeira da indústria nacional, os
estudantes pintaram a cara de verde e amarelo e lançaram o movimento
“Cara-Pintada”, tomando as ruas do nosso país e exigindo “Fora Collor”.
A
política de privatizações continuou e se aprofundou no governo FHC, provocando
o levante popular em defesa das nossas empresas. A própria Petrobras entrou na
lista negra de FHC, que só não conseguiu privatizá-la graças à mobilização da
sociedade, à mobilização dos estudantes.
Isso
demonstra o papel das organizações estudantis, do grêmio estudantil. O Dia do
Estudante, 11 de Agosto, tornou-se um marco de lutas em todo o país. Foi graças
a essa mobilização, à nossa mobilização, que garantimos o maior direito dos
estudantes: direito ao passe livre (escolas públicas) e meia-tarifa (escolas
privadas) no transporte e também à meia-entrada para todos os estudantes. Foi
com nossa mobilização que garantimos a aprovação da Lei Nacional da
Meia-Entrada na Câmara dos Deputados.
E o
movimento segue fortalecido, exigindo educação de qualidade, uma escola de
qualidade e acesso ao ensino superior. Para isso, o movimento estudantil
reivindica que os investimentos na educação sejam ampliados! Essa é a nossa
bandeira!
FONTE: http://www.umes.org.br/index.php/2013-01-30-18-19-45
Relembre os principais movimentos estudantis do
passado
Com
a recente onda de manifestações pelo país, relembre alguns dos principais
movimentos estudantis do passado e entenda como eles se relacionam com a
atualidade
Não é a primeira vez que os jovens brasileiros
tomam as ruas da cidade para lutar pelo que acreditam. O Brasil não presenciava
uma manifestação tão grande desde os Caras-pintadas, movimento
estudantil ocorrido em 1992 que tinha como objetivo lutar pelo Impeachment do
então presidente Fernando Collor de Melo. Para descobrir o que
pensam os jovens que saem às ruas desde a ditadura militar,
iniciada em1964, para lutar pelos seus direitos, a Universia Brasilrelembra
os principais movimentos estudantis do passado e conversa com o professor de
HistóriaDaniel Simões sobre a relação entre as manifestações
passadas e as atuais lideradas peloMovimento Passe Livre.
REGIME
DITATORIAL (1964 – 1985)
O Golpe
Militar de 1964 deu início ao período ditatorial no Brasil. Em 19 de
março, foi organizada uma manifestação contra as intenções de João
Goulart, presidente do país na época. Essa manifestação foi a Marcha
da Família com Deus pela Liberdade, que reuniu milhares de pessoas pelas
ruas do centro da cidade de São Paulo.
Durante
o governo de Goulart, o clima de crise e as tensões sociais apenas aumentavam a
cada dia. Em 31 de março de 1964, tropas de Minas Gerais e São Paulo saíram às
ruas e, para evitar uma guerra civil, João Goulart deixou o país. Os militares
tomaram o poder e, em 9 de abril, foi decretado o Ato Institucional N°1
(AI-1). Este ato cassou mandatos políticos de opositores ao regime militar
e tirou a estabilidade de funcionários públicos.
Jovens
estudantes e intelectuais começaram a se manifestar contra o regime ditatorial.
Essas manifestações, porém, eram violentamente reprimidas. Em março de 1968,
estudantes reclamavam em um restaurante sobre os preços elevados das refeições.
Para conter o conflito, o comandante Aloísio Raposo atirou no jovem de 17 anos Edson
Luís de Lima Souto.
Em
26 de junho de 1968, os militares permitiram uma passeata popular no bairro
central do Rio de Janeiro. No decorrer da manifestação, 100.000 pessoas lutavam
contra a repressão ditatorial do regime militar. Após esse acontecimento, o
então presidente Arthur Costa e Silva reuniu-se com os líderes estudantis
Franklin Martins e Marcos Medeiros. Esses estudantes pediram o fim da ditadura
e a anistia aos jovens presos nas manifestações. Costa e Silva ignorou os
pedidos e, para conter esses atos, aprovou o Ato Institucional N° 5
(AI-5), que proibia movimentos sociais e o direito a habeas corpus.
DIRETAS JÁ (1983-1984)
Em
1979, o regime militar tomou medidas que permitiram o retorno das liberdades
democráticas no país. A reforma política abriu espaço para a formação de novos
partidos e, chegado o ano de 1982, esses partidos disputaram eleições para os
governos estaduais e demais cargos legislativos. Mediante esse novo quadro,
membros da oposição da Câmara dos Deputados tentaram articular uma lei que
instituísse o voto direto na escolha do sucessor do presidente.
Em
pouco tempo, membros do PMDB, PT e PDT passaram a organizar grandes comícios
onde o povo brasileiro se colava em favor da escolha direta para o cargo de
presidente. Essas manifestações se transformaram no movimento das “Diretas
Já!”, reconhecida como uma das maiores manifestações populares ocorridas no
país e marcadas por grandes comícios onde pessoas perseguidas pela ditadura
militar, artistas, intelectuais e estudantes militavam pela aprovação do
projeto de lei.
Em
1984, 300.000 pessoas se reuniram na Praça da Sé, em São Paulo. Três meses
depois, um milhão de cidadãos tomou o Rio de Janeiro e, pouco tempo depois,
perto de 1,7 milhões de pessoas pararam as ruas de São Paulo.
Para
reprimir essas manifestações, o então presidente João Figueiredo censurou a
imprensa e ordenou prisões. O processo de redemocratização do Brasil terminou
com a volta do poder civil em 1985, com a aprovação da nova Constituição
Federal em 1988 e com a realização das eleições diretas para Presidente da
República em 1989.
MOVIMENTO DOS CARAS-PINTADAS (1992)
O
movimentos dos Caras-pintadas consistiu em milhares de jovens
que saíram às ruas de todo o país com os rostos pintados, forma de protesto
contra os acontecimentos que abalaram o governo do presidente Fernando Collor
de Mello.
O
Brasil realizara eleições diretas para presidente. Nessa eleição, Collor
assumiu a presidência do Brasil. A partir de então, o governo do presidente
começou a apresentar falhas. O Plano Collor de contenção da
inflação fora um desastre completo, e denúncias de corrupção foram surgindo.
O
presidente pediu para os estudantes saírem às ruas para manifestar seu apoio ao
governo, utilizando peças de roupas nas cores do país. Foi então que surgiram
os caras-pintadas, que apareceram com os rostos pintados de preto em
repúdio às palavras de Collor.
O
movimento assumiu um tom de humor, ironia e anarquia. Mesmo assim, os
caras-pintadas tornaram-se ícones de um novo modo que a população descobriu de
se fazer a democracia, protestando contra os seus dirigentes incompetentes ou
corruptos.
E 2013 COM ISSO?
No
início deste mês, uma onda de manifestações tomou a cidade de São Paulo,
seguindo para outros lugares do estado e logo de todo o país. Devido ao aumento
da tarifa do transporte público (de R$3,00 para R$3,20), o Movimento Passe
Livre organizou protestos com o intuito de fazer com que a passagem voltasse a
seu preço normal. “Se a tarifa não baixar, São Paulo vai parar” era uma das
frases escritas nos cartazes levados à rua. E foi o que aconteceu: a quantidade
de pessoas que aderiram ao movimento foi maior do que o esperado e o trânsito
de grandes avenidas da cidade foi bloqueado pelo enorme fluxo de manifestantes.
No Quarto
Ato Contra o Aumento da Passagem, houve uma repressão violenta da polícia,
e até pessoas que não estavam no protesto foram feridas. A repercussão causada
por isso provocou comoção em uma parte ainda maior da população que resolveu
sair às ruas para apoiar o movimento. Com isso, as manifestações também
despertaram nessas pessoas um desejo de lutar por seus direitos, fazendo com
que os rumos dos protestos abordassem diversas outras causas políticas, como
corrupção e votação de projetos de leis.
Segundo
o professor Daniel Simões, as principais semelhanças entre as manifestações
recentes com as que ocorreram nos último 30 anos consistem no fato de serem
protagonizadas pelos jovens. “Todas elas se dirigiam a alguma forma de
autoritarismo facilmente identificado na sociedade, então há um ponto em
comum nas passeatas. Se antes eram dirigidas ao Estado ditatorial, agora, mesmo
em um Estado democrático, ganharam muita força a partir do momento em que a
polícia agiu de forma violenta”, explica.
O
MPL alcançou seu objetivo da redução da tarifa que voltou aos R$3,00, porém,
segundo seus organizadores, a luta não acaba aí. O intuito agora é fazer com
que o uso do transporte público seja gratuito a toda a população (que é a causa
que originou o movimento).
“Não
sabemos se nesse momento haverá resultados concretos para além da questão da
tarifa, mas a primeira coisa importante é notar que a partir daqui inicia-se
um processo de amadurecimento da democracia”, diz o professor
entrevistado. Portanto, é difícil concluir qual rumo será tomado a partir de
agora, mas pode-se notar que os jovens brasileiros não estão mais dispostos a
ficarem quietos diante daquilo que consideram errado no seu país.
FONTE: http://noticias.universia.com.br/destaque/noticia/2013/06/21/1032157/relembre-os-principais-movimentos-estudantis-do-passado.html