Orientações: Copie e responda as perguntas abaixo:
1- O
que é ética?
2- Explique
o que é moral?
3- Qual
a diferença entre amoral, imoral e moral?
4- Resolva
os 4 exemplos éticos/moral abaixo:
a)
Vivemos certas situações, ou sabemos que foram vividas por outros, como
situações de extrema aflição e angústia.
Assim, por exemplo, uma pessoa querida, com uma doença terminal, está viva
apenas porque seu corpo está ligado a máquinas que a conservam. Suas dores são
intoleráveis. Inconsciente, geme no sofrimento. Não seria melhor que descansasse
em paz? Não seria preferível deixá-la morrer? Podemos desligar os aparelhos? Ou
não temos o direito de fazê-lo? Que fazer?
b) Uma jovem descobre que
está grávida. Sente que seu corpo e seu espírito ainda não está preparado para
a gravidez. Sabe que seu parceiro , mesmo que deseja apoia-la é tão jovem.
Ambos estão desorientados , não sabem se poderão contar com o auxílio de suas
famílias. Ela se for apenas estudante , terá que deixar a escola para trabalhar
, afim de pagar o parto e arcar com as despesas da criança . Receia não contar
a ajuda e o apoio de amigos . Ao mesmo tempo , porém, deseja a criança , mas
teme dar-lhe uma vida de miséria e ser injusta , com quem não pediu pra nascer
. Pode fazer um aborto? Deve fazê-lo?
c) Um pai de família desempregado, com vários filhos
pequenos e a esposa doente, recebe uma oferta de emprego, mas que exige que
seja desonesto e cometa irregularidades que beneficiem seu patrão. Sabe que o
trabalho lhe permitirá sustentar os filhos e pagar o tratamento da esposa. Pode
aceitar o emprego, mesmo sabendo o que será exigido dele? Ou deve recusá-lo e
ver os filhos com fome e a mulher morrendo?
d) Uma mulher vê um roubo.
Vê uma criança maltrapilha e esfomeada roubar e furtar pães numa mercearia.
Sabe que o dono da mercearia está passando por muitas dificuldades e que o
roubo fará diferença para ele. Mas também vê a miséria e a fome da criança.
Deve denunciá-la, julgando que com isso a criança não se tornará um adulto
ladrão e o proprietário da mercearia não terá prejuízo? Ou deverá silenciar,
pois a criança corre o risco de receber punição excessiva, ser levada para a
polícia, ser jogada novamente às ruas e, agora, revoltada, passar do furto ao
homicídio? Que fazer?
5- Construa
5 questões de múltipla escolha com suas respectivas respostas, contendo 4
alternativas do texto: A ética dos corruptos.
A
“ÉTICA” DOS CORRUPTOS
É
ético um jornalista usar câmaras secretas para comprovar um crime que, depois,
ele irá denunciar? Não discuto, aqui, a legalidade de sua ação, porque não
tenho a formação jurídica necessária para me pronunciar sobre as leis e
jurisprudência cabíveis no caso. Mas a questão adquire relevância diante do
fato que movimentou a sociedade brasileira algumas semanas atrás: a revelação,
em imagens incontestáveis, de uma rede de corrupção atuando justamente nos
hospitais – o que torna particularmente desumano o crime, porque está sendo
cometido contra pessoas especialmente vulneráveis. Além disso, trata-se de uma
área em que cronicamente falta dinheiro, visto que os custos com a saúde
costumam subir mais que a inflação, em parte devido aos grandes avanços que a
medicina tem conquistado. O que é flagrante é a falta de ética das pessoas
diretamente envolvidas na falcatrua. Os corruptos (vou chamá-los assim, embora
tecnicamente não o sejam, porque não são servidores públicos) não mostraram
nenhum pudor. Imaginando-se a salvo, foram francos. Duas afirmações me chocaram
em especial. A primeira se refere ao momento em que uma senhora diz que está
praticando "a ética do mercado". Mas o que ela faz não é nada ético.
A não ser, claro, que use "ética" num sentido apenas descritivo, como
quando se diz que a "ética do bandido" é matar quem o alcagueta, ou
que a "ética do machista" é assassinar a esposa suspeita de
adultério. Nos últimos anos tem-se assistido à redução do emprego da palavra
"ética". Uma expressão de Cláudio Abramo, frequentemente citada pelos
profissionais da imprensa, é significativa – "A ética do jornalista é a
mesma do marceneiro, de qualquer pessoa". Na verdade, até esperei, depois
dessa frase sobre "a ética do mercado", que "o mercado"
reagisse de alguma forma. Se ela dissesse que essa é a ética dos médicos, as
associações não iriam protestar? É claro que "o mercado" não é um
sujeito. Aliás, sua riqueza e eficácia estão, justamente, em ele não ser um
sujeito único, mas uma rede em que se cruzam e se medem inúmeros sujeitos. No
entanto, aqui se coloca uma questão crucial, sempre presente quando se trata do
capitalismo. Brecht tem a frase famosa – "O que é roubar um banco, em
comparação com fundar um banco?" O capitalismo sempre esteve assombrado
pela diferença entre o lucro obtido legítima e legalmente e o que é extorsão,
usura, roubo. Na Idade Média, a igreja cristã condenava a usura, dificultando
as operações de financiamento. Por outro lado, com o capitalismo já
consolidado, no final do século XIX, um grupo de grandes empresários
norte-americanos era chamado de "robber barons", barões ladrões, tal
a sua desonestidade. Contudo, o mesmo capitalismo cresce graças a uma ética
extremamente forte, que Max Weber, num livro clássico, aproximou do
protestantismo. Na verdade, a distinção entre o lucro e a extorsão é crucial
para o capitalismo. Um dos desafios para ele funcionar, e em especial para se
tornar popular, é convencer a sociedade de que seu compromisso ético – com a
construção da riqueza pelo trabalho e o esforço supera seus deslizes, os quais serão rigorosamente punidos. Ou
seja, "o mercado" precisa reagir. O debate sobre esse caso não pode
ficar circunscrito à área política. O “mercado” foi injuriado e tem de responder.
O outro ponto assustador aconteceu quando um dos personagens gravados disse que
sempre ensinava a seus filhos a virtude da solidariedade. Disse isso com outras
palavras, mas ele considerava digno educar seus filhos na formação de
quadrilha. Aqui, estamos diretamente na ética do crime. Mas, se na frase da
senhora sobre o mercado podíamos ver alguma ironia ou resignação ("a vida
como ela é"), na frase desse senhor se ouvia algo mais grave: a educação
dos filhos, a construção do futuro segundo a ótica do criminoso. Uma coisa é
resignar-se ao mundo como está e operar dentro dele. Outra, pior, é entender
que ele não vai melhorar e que, portanto, a melhor educação que se deve dar aos
pequenos é ensiná-los a serem bandidos. Aqui, a tarefa afeta, em especial, os educadores
profissionais, como os professores, e a multidão de educadores leigos, que são
os pais e todos os que cuidam de crianças. Mas, antes mesmo disso, ela passa
por uma pergunta cândida: podemos melhorar, em termos de sociedade, no que se
refere ao respeito à lei e aos outros? É possível convencermo-nos, e
convencermos os outros, de que seguir os preceitos éticos é absolutamente
necessário? Ou viveremos nas exceções? E isso diz respeito a todos nós.
Ocorreu-me, uma vez, que no Brasil a lei tem papel mais indicativo do que
prescritivo. Explico: todos concordamos que se deve parar no sinal vermelho – e
a grande maioria o faz. Mas a pressa, o fato de não estar vindo um carro pela
outra via, a demora no sinal "justificam" eventualmente passar no
sinal vermelho. A lei deixa de ser lei para se tornar uma referência apenas;
ou, pior, algo que espero que os outros respeitem absolutamente, mas que
infringirei quando me achar "justificado" a fazê-lo. Guiando desse
jeito, vários pais mataram os próprios filhos – e isso continua acontecendo.
Não precisaremos fortalecer, na condição de sociedade, a convicção de que para
um bom convívio é preciso repudiar fortemente essas duas frases que, na sua
euforia, os dois personagens pronunciaram sem saberem que estavam sendo gravados?
Enquanto isso, nosso agradecimento aos repórteres que denunciaram esse crime.
RIBEIRO,
Renato J. Valor econômico, 26/03/2012. (Texto adaptado)