O QUE É UMA FALÁCIA?
Na lógica e
na retórica, uma falácia é
um argumento logicamente inconsistente, sem fundamento, inválido ou
falho na capacidade de provar eficazmente o que alega. Argumentos que se
destinam à persuasão podem parecer convincentes para grande parte do
público apesar de conterem falácias, mas não deixam de ser falsos por causa
disso.
Reconhecer
as falácias é por vezes difícil. Os argumentos falaciosos podem ter validade
emocional, íntima, psicológica, mas não validade lógica. É importante conhecer
os tipos de falácia para evitar armadilhas lógicas na própria argumentação e
para analisar a argumentação alheia.
É
importante observar que o simples fato de alguém cometer uma falácia não
invalida toda a sua argumentação. Ninguém pode dizer: “Li um livro
de Rousseau, mas ele cometeu uma falácia, então todo o
seu pensamento deve estar errado”. A falácia invalida imediatamente o
argumento no qual ela ocorre, o que significa que só esse argumento específico
será descartado da argumentação, mas pode haver outros argumentos que tenham
sucesso. Por exemplo, se alguém diz:
“O fogo é
quente e sei disso por dois motivos: 1. ele é vermelho; e 2. medi
sua temperatura com um termômetro”.
Nesse
exemplo, foi de fato comprovado que o fogo é quente por meio da premissa 2. A
premissa 1 deve ser descartada como falaciosa, mas a argumentação não está de
todo destruída.
TIPOS PRINCIPAIS DE FALÁCIA
Abaixo
temos as mais comuns falácias lógicas argumentativas. A numeração não indica
nenhum tipo de hierarquia entre elas, é apenas para facilitar futuras
referencias a exemplos específicos.
1. Espantalho
Você desvirtuou um argumento para torná-lo mais
fácil de atacar.
Ao
exagerar, desvirtuar ou simplesmente inventar um argumento de alguém, fica bem
mais fácil apresentar a sua posição como razoável ou válida. Este tipo de
desonestidade não apenas prejudica o discurso racional, como também prejudica a
própria posição de alguém que o usa, por colocar em questão a sua credibilidade
– se você está disposto a desvirtuar negativamente o argumento do seu oponente,
será que você também não desvirtuaria os seus positivamente?
Exemplo: Depois de Felipe dizer que o governo deveria
investir mais em saúde e educação, Jader respondeu dizendo estar surpreso que
Felipe odeie tanto o Brasil, a ponto de querer deixar o nosso país
completamente indefeso, sem verba militar.
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2. Causa Falsa
Você supôs que uma relação real ou percebida entre
duas coisas significa que uma é a causa da outra.
Uma
variação dessa falácia é a “cum hoc
ergo propter hoc” (com isto, logo por causa disto), na qual alguém supõe
que, pelo fato de duas coisas estarem acontecendo juntas, uma é a causa da
outra. Este erro consiste em ignorar a possibilidade de que possa haver uma
causa em comum para ambas, ou, como mostrado no exemplo abaixo, que as duas
coisas em questão não tenham absolutamente nenhuma relação de causa, e a sua
aparente conexão é só uma coincidência.
Outra
variação comum é a falácia “post hoc
ergo propter hoc” (depois disto, logo por causa disto), na qual uma
relação causal é presumida porque uma coisa acontece antes de outra coisa,
logo, a segunda coisa só pode ter sido causada pela primeira.
Exemplo: Apontando para um gráfico metido a besta,
Rogério mostra como as temperaturas têm aumentado nos últimos séculos, ao mesmo
tempo em que o número de piratas têm caído; sendo assim, obviamente, os piratas
é que ajudavam a resfriar as águas, e o aquecimento global é uma farsa.
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3. Apelo à emoção
Você tentou manipular uma resposta emocional no
lugar de um argumento válido ou convincente.
Apelos à
emoção são relacionados a medo, inveja, ódio, pena, orgulho, entre outros.
É
importante dizer que às vezes um argumento logicamente coerente pode inspirar
emoção, ou ter um aspecto emocional, mas o problema e a falácia acontecem
quando a emoção é usada no lugar de um argumento lógico. Ou, para tornar menos
claro o fato de que não existe nenhuma relação racional e convincente para
justificar a posição de alguém.
Exceto
os sociopatas, todos são afetados pela emoção, por isso apelos à emoção são uma
tática de argumentação muito comum e eficiente. Mas eles são falhos e
desonestos, comtendência a deixar o oponente de alguém justificadamente
emocional.
Exemplo: Lucas não queria comer o seu prato de cérebro
de ovelha com fígado picado, mas seu pai o lembrou de todas as crianças
famintas de algum país de terceiro mundo que não tinham a sorte de ter qualquer
tipo de comida.
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4. A falácia da falácia
Supor que uma afirmação está necessariamente errada
só porque ela não foi bem construída ou porque uma falácia foi cometida.
Há
poucas coisas mais frustrantes do que ver alguém argumentar de maneira fraca
alguma posição. Na maioria dos casos um debate é vencido pelo melhor debatedor,
e não necessariamente pela pessoa com a posição mais correta. Se formos ser
honestos e racionais, temos que ter em mente que só porque alguém cometeu um
erro na sua defesa do argumento, isso não necessariamente significa que o
argumento em si esteja errado.
Exemplo: Percebendo que Amanda cometeu uma falácia ao
defender que devemos comer alimentos saudáveis porque eles são populares, Alice
resolveu ignorar a posição de Amanda por completo e comer Whopper Duplo com
Queijo no Burger King todos os dias.
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5. Ladeira Escorregadia
Você faz parecer que o fato de permitirmos que
aconteça A fará com que aconteça Z, e por isso não podemos permitir A.
O
problema com essa linha de raciocínio é que ela evita que se lide com a questão
real, jogando a atenção em hipóteses extremas. Como não se apresenta nenhuma
prova de que tais hipóteses extremas realmente ocorrerão, esta falácia toma a
forma de um apelo à emoção do medo.
Exemplo: Armando afirma que, se permitirmos casamentos
entre pessoas do mesmo sexo, logo veremos pessoas se casando com seus pais,
seus carros e seus macacos Bonobo de estimação.
Exemplo 2: a explicação feita após o terceiro subtítulo
– “O voto divergente do ministro Ricardo Lewandowski e a ladeira
escorregadia” – deste texto sobre aborto. Vale a leitura.
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6. Ad hominem
Você ataca o caráter ou traços pessoais do seu
oponente em vez de refutar o argumento dele.
Ataques
ad hominem podem assumir a forma de golpes pessoais e diretos contra alguém, ou
mais sutilmente jogar dúvida no seu caráter ou atributos pessoais. O resultado
desejado de um ataquead hominem é
prejudicar o oponente de alguém sem precisar de fato se engajar no argumento
dele ou apresentar um próprio.
Exemplo: Depois de Salma apresentar de maneira
eloquente e convincente uma possível reforma do sistema de cobrança do
condomínio, Samuel pergunta aos presentes se eles deveriam mesmo acreditar em
qualquer coisa dita por uma mulher que não é casada, já foi presa e, pra ser
sincero, tem um cheiro meio estranho.
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7. Tu quoque (você também)
Você evitar ter que se engajar em críticas virando
as próprias críticas contra o acusador – você responde críticas com críticas.
Esta
falácia, cuja tradução do latim é literalmente “você também”, é geralmente
empregada como um mecanismo de defesa, por tirar a atenção do acusado ter que
se defender e mudar o foco para o acusador.
A
implicação é que, se o oponente de alguém também faz aquilo de que acusa o
outro, ele é um hipócrita. Independente da veracidade da contra-acusação, o
fato é que esta é efetivamente uma tática para evitar ter que reconhecer e
responder a uma acusação contida em um argumento – ao devolver ao acusador, o
acusado não precisa responder à acusação.
Exemplo: Nicole identificou que Ana cometeu uma
falácia lógica, mas, em vez de retificar o seu argumento, Ana acusou Nicole de
ter cometido uma falácia anteriormente no debate.
Exemplo 2: O político Aníbal Zé das Couves foi acusado
pelo seu oponente de ter desviado dinheiro público na construção de um
hospital. Aníbal não responde a acusação diretamente e devolve insinuando que
seu oponente também já aprovou licitações irregulares em seu mandato.
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8. Incredulidade pessoal
Você considera algo difícil de entender, ou não
sabe como funciona, por isso você dá a entender que não seja verdade.
Assuntos
complexos como evolução biológica através de seleção natural exigem alguma
medida de entendimento sobre como elas funcionam antes que alguém possa
entendê-los adequadamente; esta falácia é geralmente usada no lugar desse
entendimento.
Exemplo: Henrique desenhou um peixe e um humano em um
papel e, com desdém efusivo, perguntou a Ricardo se ele realmente pensava que
nós somos babacas o bastante para acreditar que um peixe acabou evoluindo até a
forma humana através de, sei lá, um monte de coisas aleatórias acontecendo com
o passar dos tempos.
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9. Alegação especial
Você altera as regras ou abre uma exceção quando
sua afirmação é exposta como falsa.
Humanos
são criaturas engraçadas, com uma aversão boba a estarem errados.
Em vez
de aproveitar os benefícios de poder mudar de ideia graças a um novo
entendimento, muitos inventarão modos de se agarrar a velhas crenças. Uma das
maneiras mais comuns que as pessoas fazem isso é pós-racionalizar um motivo
explicando o porque aquilo no qual elas acreditavam ser verdade deve continuar
sendo verdade.
É
geralmente bem fácil encontrar um motivo para acreditar em algo que nos
favorece, e é necessária uma boa dose de integridade e honestidade genuína
consigo mesmo para examinar nossas próprias crenças e motivações sem cair na
armadilha da auto-justificação.
Exemplo: Eduardo afirma ser vidente, mas quando as
suas “habilidades” foram testadas em condições científicas apropriadas, elas
magicamente desapareceram. Ele explicou, então, que elas só funcionam para quem
tem fé nelas.
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10. Pergunta carregada
Você faz uma pergunta que tem uma afirmação
embutida, de modo que ela não pode ser respondida sem uma certa admissão de
culpa.
Falácias
desse tipo são particularmente eficientes em descarrilar discussões racionais,
graças à sua natureza inflamatória – o receptor da pergunta carregada é
compelido a se justificar e pode parecer abalado ou na defensiva. Esta falácia
não apenas é um apelo à emoção, mas também reformata a discussão de forma
enganosa.
Exemplo: Graça e Helena estavam interessadas no mesmo
homem. Um dia, enquanto ele estava sentado próximo suficiente a elas para
ouvir, Graça pergunta em tom de acusação: “como anda a sua rehabilitação das
drogas, Helena?”
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11. Ônus da prova
Você espera que outra pessoa prove que você está
errado, em vez de você mesmo provar que está certo.
O ônus
(obrigação) da prova está sempre com quem faz uma afirmação, nunca com quem
refuta a afirmação. A impossibilidade, ou falta de intenção, de provar errada
uma afirmação não a torna válida, nem dá a ela nenhuma credibilidade.
No entanto,
é importante estabelecer que nunca podemos ter certeza de qualquer coisa,
portanto devemos valorizar cada afirmação de acordo com as provas disponíveis.
Tirar a importância de um argumento só porque ele apresenta um fato que não foi
provado sem sombra de dúvidas também é um argumento falacioso.
Exemplo: Beltrano declara que uma chaleira está, nesse
exato momento, orbitando o Sol entre a Terra e Marte e que, como ninguém
pode provar que ele está errado, a sua afirmação é verdadeira.
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12. Ambiguidade
Você usa duplo sentido ou linguagem ambígua para
apresentar a sua verdade de modo enganoso.
Políticos
frequentemente são culpados de usar ambiguidade em seus discursos, para depois,
se forem questionados, poderem dizer que não estavam tecnicamente mentindo.
Isso é qualificado como uma falácia, pois é intrinsecamente enganoso.
Exemplo: Em um julgamento, o advogado concorda que o
crime foi desumano. Logo, tenta convencer o júri de que o seu cliente não é
humano por ter cometido tal crime, e não deve ser julgado como um humano
normal.
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13. Falácia do apostador
Você diz que “sequências” acontecem em fenômenos
estatisticamente independentes, como rolagem de dados ou números que caem em
uma roleta.
Esta
falácia de aceitação comum é provavelmente o motivo da criação da grande e
luminosa cidade no meio de um deserto americano chamada Las Vegas.
Apesar
da probabilidade geral de uma grande sequência do resultado desejado ser
realmente baixa, cada lance do dado é, em si mesmo, inteiramente independente
do anterior. Apesar de haver uma chance baixíssima de um cara-ou-coroa dar cara
20 vezes seguidas, a chance de dar cara em cada uma das vezes é e sempre será
de 50%, independente de todos os lances anteriores ou futuros.
Exemplo: Uma roleta deu número vermelho seis vezes em
sequência, então Gregório teve quase certeza que o próximo número seria preto.
Sofrendo uma forma econômica de seleção natural, ele logo foi separado de suas
economias.
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14. Ad populum
Você apela para a popularidade de um fato, no
sentido de que muitas pessoas fazem/concordam com aquilo, como uma tentativa de
validação dele.
A falha
nesse argumento é que a popularidade de uma ideia não tem absolutamente nenhuma
relação com a sua validade. Se houvesse, a Terra teria se feito plana por
muitos séculos, pelo simples fato de que todos acreditavam que ela era assim.
Exemplo: Luciano, bêbado, apontou um dedo para Jão e
perguntou como é que tantas pessoas acreditam em duendes se eles são só uma superstição
antiga e boba. Jão, por sua vez, já havia tomado mais Guinness do que deveria e
afirmou que já que tantas pessoas acreditam, a probabilidade de duendes de fato
existirem é grande.
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15. Apelo à autoridade
Você usa a sua posição como figura ou instituição
de autoridade no lugar de um argumento válido. (A popular “carteirada”.)
É
importante mencionar que, no que diz respeito a esta falácia, as autoridades de
cada campo podem muito bem ter argumentos válidos, e que não se deve
desconsiderar a experiência e expertise do outro.
Para
formar um argumento, no entanto, deve-se defender seus próprios méritos, ou
seja, deve-se saber por que a pessoa em posição de autoridade tem aquela
posição. No entanto, é claro, é perfeitamente possível que a opinião de uma
pessoa ou instituição de autoridade esteja errada; assim sendo, a autoridade de
que tal pessoa ou instituição goza não tem nenhuma relação intrínseca com a
veracidade e validade das suas colocações.
Exemplo: Impossibilitado de defender a sua posição de
que a teoria evolutiva “não é real”, Roberto diz que ele conhece pessoalmente
um cientista que também questiona a Evolução e cita uma de suas famosas falas.
Exemplo 2: Um professor de matemática se vê questionado
de maneira insistente por um aluno especialmente chato. Lá pelas tantas,
irritado após cometer um deslize em sua fala, o professor argumenta que tem
mestrado pós-doutorado e isso é mais do que suficiente para o aluno confiar
nele.
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16. Composição/Divisão
Você implica que uma parte de algo deve ser
aplicada a todas, ou outras, partes daquilo.
Muitas
vezes, quando algo é verdadeiro em parte, isso também se aplica ao todo, mas é
crucial saber se existe evidência de que este é mesmo o caso.
Já que
observamos consistência nas coisas, o nosso pensamento pode se tornar enviesado
de modo que presumimos consistência e padrões onde eles não existem.
Exemplo: Daniel era uma criança precoce com uma
predileção por pensamento lógico. Ele sabia que átomos são invisíveis, então
logo concluiu que ele, por ser feito de átomos, também era invisível. Nunca foi
vitorioso em uma partida de esconde-esconde.
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17. Nenhum escocês de verdade…
Você faz o que pode ser chamado de apelo à pureza
como forma de rejeitar críticas relevantes ou falhas no seu argumento.
Nesta
forma de argumentação falha, a crença de alguém é tornada infalsificável
porque, independente de quão convincente seja a evidência apresentada, a pessoa
simplesmente move a situação de modo que a evidência supostamente não se
aplique a um suposto “verdadeiro” exemplo. Esse tipo de pós-racionalização é um
modo de evitar críticas válidas ao argumento de alguém.
Exemplo: Angus declara que escoceses não colocam
açúcar no mingau, ao que Lachlan aponta que ele é um escocês e põe açúcar no
mingau. Furioso, como um “escocês de verdade”, Angus berra que nenhum escocês
de verdade põe açúcar no seu mingau.
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18. Genética
Você julga algo como bom ou ruim tendo por base a
sua origem.
Esta
falácia evita o argumento ao levar o foco às origens de algo ou alguém. É
similar à falácia ad hominem no
sentido de que ela usa percepções negativas já existentes para fazer com que o
argumento de alguém pareça ruim, sem de fato dissecar a falta de mérito do
argumento em si.
Exemplo: Acusado no Jornal Nacional de corrupção e
aceitação de propina, o senador disse que devemos ter muito cuidado com o que
ouvimos na mídia, já que todos sabemos como ela pode não ser confiável.
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19. Preto-ou-branco
Você apresenta dois estados alternativos como sendo
as únicas possibilidades, quando de fato existem outras.
Também
conhecida como falso dilema,
esta tática aparenta estar formando um argumento lógico, mas sob análise mais
cuidadosa fica evidente que há mais possibilidades além das duas apresentadas.
O
pensamento binário da falácia preto-ou-branco não leva em conta as múltiplas
variáveis, condições e contextos em que existiriam mais do que as duas
possibilidades apresentadas. Ele molda o argumento de forma enganosa e
obscurece o debate racional e honesto.
Exemplo: Ao discursar sobre o seu plano para
fundamentalmente prejudicar os direitos do cidadão, o Líder Supremo falou ao
povo que ou eles estão do lado dos direitos do cidadão ou contra os direitos.
***
20. Tornando a questão supostamente óbvia
Você apresenta um argumento circular no qual a
conclusão foi incluída na premissa.
Este
argumento logicamente incoerente geralmente surge em situações onde as pessoas
têm crenças bastante enraizadas, e por isso consideradas verdades absolutas em
suas mentes. Racionalizações circulares são ruins principalmente porque não são
muito boas.
Exemplo: A Palavra do Grande Zorbo é perfeita e
infalível. Nós sabemos disso porque diz aqui no Grande e Infalível Livro das
Melhores e Mais Infalíveis Coisas do Zorbo Que São Definitivamente Verdadeiras
e Não Devem Nunca Serem Questionadas.
Exemplo 2: O plano estratégico de marketing é o melhor
possível, foi assinado pelo Diretor Bam-bam-bam.
***
21. Apelo à natureza
Você argumenta que só porque algo é “natural”,
aquilo é válido, justificado, inevitável ou ideal.
Só
porque algo é natural, não significa que é bom. Assassinato, por exemplo, é bem
natural, e mesmo assim a maioria de nós concorda que não é lá uma coisa muito
legal de você sair fazendo por aí. A sua “naturalidade” não constitui nenhum
tipo de justificativa.
Exemplo: O curandeiro chegou ao vilarejo com a sua
carroça cheia de remédios completamente naturais, incluindo garrafas de água
pura muito especial. Ele disse que é natural as pessoas terem cuidado e
desconfiarem de remédios “artificiais”, como antibióticos.
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22. Anedótica
Você usa uma experiência pessoal ou um exemplo
isolado em vez de um argumento sólido ou prova convincente.
Geralmente
é bem mais fácil para as pessoas simplesmente acreditarem no testemunho de
alguém do que entender dados complexos e variações dentro de um continuum.
Medidas
quantitativas científicas são quase sempre mais precisas do que percepções e
experiências pessoais, mas a nossa inclinação é acreditar naquilo que nos é
tangível, e/ou na palavra de alguém em quem confiamos, em vez de em uma
realidade estatística mais “abstrata”.
Exemplo: José disse que o seu avô fumava, tipo, 30
cigarros por dia e viveu até os 97 anos — então não acredite nessas meta
análises que você lê sobre estudos metodicamente corretos provando relações
causais entre cigarros e expectativa de vida.
***
23. O atirador do Texas
Você escolhe muito bem um padrão ou grupo
específico de dados que sirva para provar o seu argumento sem ser
representativo do todo.
Esta
falácia de “falsa causa” ganha seu nome partindo do exemplo de um atirador
disparando aleatoriamente contra a parede de um galpão, e, na sequência,
pintando um alvo ao redor da área com o maior número de buracos, fazendo
parecer que ele tem ótima pontaria.
Grupos
específicos de dados como esse aparecem naturalmente, e de maneira
imprevisível, mas não necessariamente indicam que há uma relação causal.
Exemplo: Os fabricantes do bebida gaseificada
Cocaçúcar apontam pesquisas que mostram que, dos cinco países onde a Cocaçúcar
é mais vendida, três estão na lista dos dez países mais saudáveis do mundo,
logo, Cocaçúcar é saudável.
***
24. Meio-termo
Você declara que uma posição central entre duas
extremas deve ser a verdadeira.
Em
muitos casos, a verdade realmente se encontra entre dois pontos extremos, mas
isso pode enviezar nosso pensamento: às vezes uma coisa simplesmente não é
verdadeira, e um meio termo dela também não é verdadeiro. O meio do caminho
entre uma verdade e uma mentira continua sendo uma mentira.
Exemplo: Mariana disse que a vacinação causou autismo
em algumas crianças, mas o seu estudado amigo Calebe disse que essa afirmação
já foi derrubada como falsa, com provas. Uma amiga em comum, a Alice, ofereceu
um meio-termo: talvez as vacinas causem um pouco de autismo, mas não muito.
***
25. Apelo
ao ridículo:
Ridicularizar um argumento como forma de
derrubá-lo.
Exemplo: Se
a teoria da evolução fosse verdadeira, significaria que o seu
tataravô seria um gorila
***
26. Apelo à força:
Utilização de algum tipo de privilégio, força,
poder ou ameaça para impor a conclusão.
Exemplo: Acredite
no que eu digo, não se esqueça de quem é que paga o seu salário.
***
27. Apelo
à riqueza:
Essa falácia é a de acreditar
que dinheiro é fator de estar correto. Aqueles mais ricos são os que
provavelmente estão certos.
Exemplo: O Barão é
um homem vivido e conhece como as coisas funcionam. Se ele diz que é bom, há de
ser.
***
28. Argumentum ad
lapidem:
Desqualificar uma afirmação como absurda, mas sem
provas.
Exemplo: João,
ministro da educação, é acusado de corrupção e defende-se
dizendo: ‘Esta acusação é um disparate’.
Baseado
em quê?
***
29. Repetição nauseante:
É a aplicação da repetição constante e a crença
incorreta de que, quanto mais se diz algo, mais correto está.
Exemplo: Se
Joãozinho diz tanto que sua ex-namorada é uma mentirosa, então ela é.
***
30. Causa diminuta:
Apontar uma causa irrelevante.
Exemplo: Vocês
discutem quem tem direito ao título de “doutor”, enquanto tem gente passando
fome.
***
Bônus: Teoria
irrefutável:
Informar um argumento com uma hipótese que não pode
ser testada.
Exemplo 1: Ganhei
na loteria porque estava escrito no livro do destino.
Exemplo 2: Tal
teoria científica não pode estar errada porque já foi comprovada, logo, não
pode ser mais testada.
***
Referência
Sugestão de Leitura
http://falaciasonline.wikidot.com/tipos-de-falacias
Orientações:
1) Divida a sala em 5 grupos e cada grupo ficara responsável pela apresentação de 6 falacias:
Grupo 1: Falácias 1 a 6
Grupo 2: Falácias 7 a 12
Grupo 3: Falácia 13 a 18
Grupo 4: Falácia 19 a 24
Grupo 5: Falácia 25 a 30
2) Cada grupo deverá apresentar conforme achar melhor, seja por meio de cartaz, de guadro, de material impresso para os demais colegas, etc. Elas devem ser feitas de forma clara e objetiva.
3) Cada grupo deverá se organizar em sala para que não tenha nada repetido e aconteça de ficar alguma falácia fora da abordagem.
4) Cada grupo deverá apresentar o trabalho escrito com suas respectivas falácias. Conforme ABNT.
5) Não será aceito mais que 5 grupos, portanto se organizem a tempo.
6) Qualquer dúvida me envie por e-mail: guiguicaiado@gmail.com; gcfilosofia@gmail.com
7) O trabalho deverá ser feito em folha de papel almaço ou folha A4. Cores de caneta: azul ou preta. Manual
8)Será anulado trabalhos com folhas diferentes solicitadas, canetas de cores diferentes e formato diferente da ABNT.